Com base em pesquisas de tempos de guerras e desastres naturais, bem como outras crises, especialistas revelam como os pais podem contribuir com a saúde mental dos filhos.
A pandemia do novo coronavírus trouxe muitos reflexos, e ainda trará, para as famílias. A alta taxa de desemprego, educação parcialmente parada (em algumas localidades ainda estão interrompidas) e economia em constante queda, os pais ficam no centro dessas pressões.
Mas, como proteger a sua família, vivendo o mais próximo à normalidade? Especialistas realizaram estudos sobre como as crianças respondem a mudanças sociais. Confira!
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Imagem: Andreia Silveira | Fundo: Pete Linforth por Pixabay |
Cientistas estudam reação das crianças em meio a desastres naturais e causados pelo homem
Publicado no Greater Good Science Center, no último 18 de maio, estudo realizado por cientistas do desenvolvimento mostram a reação de famílias e crianças em meio aos desastres naturais ou provocados pelo homem. Conforme a publicação mostra, são 100 anos de estudos que identificaram que as crianças se adaptam bem a certas condições, enquanto para outras, o sofrimento é maior, por parte dos pequenos.
No geral, os cientistas alegam que a mensagem é esperançosa, já que, com algumas proteções básicas e apoios, nossos filhos adquirem mais força e resistência. Para eles, da Grande Depressão ao Furacão Katrina, bem como do 11 de setembro até as migrações históricas, o ser humano vem aprendendo sobre resiliência.
Resiliência infantil: estudos de crianças em outros conflitos
1. Oklahoma City, Oklahoma
Estudo realizado após o atentado em Oklahoma City considerou o quanto a mídia pode ser prejudicial às crianças. Considerando alunos do ensino médio que foram expostos as coberturas dos atentados por meio da televisão, o estudo apontou que estes tinham mais chances de apresentar sintomas de TEPT em comparação com as crianças que tiveram menos contato com os noticiários, mesmo sem ter qualquer familiar entre as vítimas.
2. Segunda Guerra Mundial, na Europa
De acordo com a publicação da revista Greater Good, foram realizadas pesquisas sobre resiliência infantil. Essas iniciaram com a psicóloga Emmy Werner que contou sobre a sua experiência quando criança, durante a Segunda Guerra Mundial na Europa.
Ela conta como fez para sobreviver, junto com seus primos, já que todos os homens adultos da família vieram a óbito nos campos de prisioneiros ou no campo de batalha. Na época, as crianças buscavam por sustento entre as ruínas das casas e campos que foram abandonados, com plantação de batata, beterraba e nabo.
Ao se tornar adulta, Werner passou a estudar diários e cartas de 200 testemunhas oculares, crianças que sobreviveram a guerra em 12 países diferentes. Para complementar, a psicóloga contou com entrevistas mais detalhadas de 12 adultos sobreviventes.
Toda essa pesquisa foi relatada em seu livro “Através dos olhos dos inocentes”, mostrando que muitas dessas crianças, ao se tornarem adultas, tinham “uma afirmação extraordinária da vida”.
Seu livro também mostra como as crianças que ficaram mais expostas à violência, ou seja, exposição direta a bombardeio e combate, sofreram mais. Essas, anos mais tarde, relataram suas lembranças assustadoras e o quanto vívido ainda eram os sons dos tiros de metralhadoras e sirenes de ataques aéreos.
Cinco anos após a guerra, 18% das crianças ainda sofriam de TEPT, (Transtorno de Estresse Pós-Traumático), conforme apresentado em um estudo realizado com 1200 escolares britânicos. Entre os sintomas, os alunos apresentavam pesadelos, alta reatividade a ruídos altos, medos intrusivos e distúrbios do sono. Estes se assimilaram a taxa apresentada por veteranos de combate.
3. 11 de setembro, Nova York
Estudos realizados mostraram que, quando mais expostas aos ataques e colapso das Torres Gêmeas, crianças e adolescentes desenvolveram mais os sintomas de TEPT. Esses estão ligados diretamente a ansiedade e ansiedade de separação, diante da morte de um ente querido.
O estudo apontou que as crianças localizadas abaixo de Canal Street desenvolveram quatro vezes mais a taxa de distúrbios psiquiátricos, bem como de saúde física quando jovens adultos, se comparadas as crianças localizadas do outro lado da ponte, em Queens. Ou seja, as que assistiram a cobertura por meio de mídias.
O que dizem especialistas sobre a pandemia de Covid-19 e as crianças
No atual cenário, as crianças que estão mais expostas ao triste cenário resultante do novo coronavírus, ou seja, as que perderam um ente querido, têm um familiar hospitalizado por conta do vírus e sofrem com a escassez de alimentos, por exemplo, tendem a se expor mais a distúrbios psicológicos. Portanto, serviços e recursos da comunidade devem estar mais atentos a elas.
É fundamental proteger os pequenos da exposição da mídia, repassando cuidadosamente a mensagem sobre o atual cenário. Saiba que as crianças devem lidar com fatos mínimos, de forma a entender o motivo pelo qual sua rotina mudou.
No caso dos adolescentes, é importante considerar que eles estão em uma fase que precisa ser monitorada de perto. Então, os pais precisam considerar o fato de que eles podem ter acesso a mais informações para entender como o mundo funciona.
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Image: Andreia Silveira | Fundo: mattthewafflecat por Pixabay |
Mas, é essencial ter cautela para que eles consigam interpretar eventos e respostas emocionais. Ao orientar as crianças e adolescentes com sabedoria sobre o atual cenário, os adultos conseguem reduzir as chances de os filhos desenvolverem depressão.
Para finalizar, a revista Greater Good aponta sobre o fato de as crianças serem mais resilientes ao serem inseridas em uma rede de apoio social. Essa pode ser formada pelo pai, mãe ou outros cuidadores carinhosos.
Prova disso foi publicado no livro “Guerra e Filhos”, em que Anna Freud e Dorothy Burlingham compartilharam suas observações. Como os bombardeios ocorriam a qualquer hora durante o Blitz, muitas crianças ficaram expostas.
Várias viram a morte de perto, enquanto outras ficaram feridas ou morreram. Mas, quando essas crianças estavam junto de seus familiares, raramente mostravam “choque traumático”, aponta Freud e Burlingham.
No livro, as amigas ainda apontam que as crianças sobreviventes tiveram vidas longas e produtivas. Algumas se tornaram advogadas, escritoras, fazendeiras, chefes de famílias numerosas e garimpeiras.
A importância de cuidadores calmos
Em meio a perigos e incertezas, as crianças buscam em seus cuidadores, pessoas capazes de fazer com que sintam seguras. Portanto, adultos mais calmos resultam em crianças que se sentem seguras.
Mas, ao estar junto de adultos chateados, o corpo e cérebro dos pequenos ficam em modo de ameaça, como aponta a publicação da revista Greater Good. Ao ficar muito tempo sem alívio, o sistema de ameaças pode ocasionar problemas de saúde mental e física.
Ainda com base no livro de Freud e Burlingham, os cuidadores precisam ser amorosos, já que o próprio estado emocional dos pais é muito relevante.
Pesquisas apontam que adultos calmos podem diminuir os níveis de cortisol no corpo de uma criança. Porém, a prevenção completa do estresse pode prejudicar o desenvolvimento da resiliência, enquanto a exposição suportada ao estresse gerenciável, pode ajudar as crianças a serem mais resilientes (Fonte: Center on the Developing Child).
Fontes: Greater Good Science Center e Center on the Developing Child
Gostei da matéria, muito interessante, que possamos refletir e ter uma ação de ajudar a outros principalmente nesse momento em que estamos passando que é muito sério e que poderá trazer sérias consequências às nossas crianças e também aos adultos, Deus nos ensina com Sua sabedoria Divina. Top Andreia!!
ResponderExcluirOlá!
ExcluirObrigada por comentar no CasaCasamentoeFilhos!
Fico muito feliz que tenha gostado do conteúdo.
Amém! Que Deus continue nos dando sabedoria para criar os nossos filhos no caminho Dele!
Abraços!
Muito bom, Andréia! Parabéns!
ResponderExcluirOlá, Eliege!
ExcluirObrigada por comentar no CasaCasamentoeFilhos!
Que bom que gostou do conteúdo. Muito obrigada!
Abraços!
Gostei muito das informações. Realmente é um período muito difícil para as crianças, que tiveram que se ausentar dos amigos, brincadeiras com outras crianças...inclusive, acredito que sentem mais o isolamento do que um adulto.
ResponderExcluirOlá, Emílio!
ExcluirObrigada por comentar no CasaCasamentoeFilhos!
Sim, concordo com você. Os pequenos precisam de muita atenção de seus responsáveis nesse momento. Passeios ao ar livre, especialmente em contato com a natureza, é de grande ajuda.
Abraços!